O Desabafo de se corromper...

OI Gente!

Pouca gente sabe, mas desde o início de Janeiro deste ano, sou toda da GarotaEco!
Sai da empresa da minha família, em que trabalhei por 4 anos e alguns meses, apostando todas as minhas fichas no meu pequeno projeto, que completou em janeiro também 4 anos! (foi quando eu aprendi a costurar, a primeira peça que fiz foi logo um porta jóias de saquinho...)

Não gosto de sair contando pra todo mundo - agora na internet todo mundo já sabe né.. - pq falar sobre isso desperta as mais variadas caretas, exclamações e comentários, convenientes, alegres e extremamente inconvenientes também. Mas estou apostando todas as minha fichas e acho que ainda é cedo para confirmar se tudo vai dar certo ou não. Eu só posso afirmar até o momento duas coisas:
É difícil, muito difícil. É muito prazeroso.

Porém, a vida não é 100% felicidade. Tenho contas para pagar da mesma forma, elas não pararam de chegar só porque agora trabalho com criação. O medinho de não ter dinheiro no final do mês impera e é ai que vem o "tal do corrompimento".
Falo "tal" por se tratar de algo extremamente pessoal: por medo de não bater as metas financeiras, acabo me comprometendo com coisas que não são do meu feitio. É estranho né, uma artesã falando isso. Mas é isso mesmo.
Gosto de fazer coisas, várias coisas, muitas coisas, gosto de aprender, de testar. Mas nem tudo que eu gosto de fazer, quero fazer para vender, pq não "manjo" o suficiente para isso. E nem quero "manjar", pq não é o meu foco.
Muita gente se acostumou com o mito de que "artesão é pobre", "morre de fome por isso faz artesanato", ou "faz artesanato por necessidade, falta de emprego", ou ainda pq faz artesanato é obrigado a fazer tudo!

Muitas artesãs lindas e talentosíssimas na blogsfera fazem muita coisa legal e linda, e topam fazer as mais variadas técnicas, pq gostam e não tem "medo do perigo".
Eu acho isso o máximo! Sério mesmo! Mas não é pra mim.

Claro, sempre tem as excessões, Graças a Deus tenho clientes maravilhosas, agradeço muito por te-las, por conseguir fidelizá-las. Dentro do que está ao meu alcance as atendo, abro uma brechinha muito feliz até por fazer, algumas coisas são desafiadoras, acabam entrando no portfólio. Outras acabam sendo exclusividade da exclusividade. E quando não dá, realmente não dá, hoje crio coragem e falo "Olha infelizmente não dá, mas conheço quem faz".
Muita gente, e quando eu falo muita gente, são pessoas que não são clientes, ficam boquiabertas quando eu falo "ah eu acho lindo o trabalho com MDF mas não faço", "não trabalho com feltro" etc. Ficam "Como assim? Você não é artesã?" ou "Mas tal coisa é tecido também".

Mas gente, só pq eu sei manusear uma máquina de costura, tenho que "manjar dos PARANAUÊ" e fazer o que todo mundo quer a R$ 1,00 ???

E as horas que eu passo pesquisando, estudando, modelando??? E as horas que eu passo riscando e cortando ??? E quando é primeira peça que a gente faz a peça várias vezes até ficar perfeito??

Será que alguém consegue entender o que eu quero dizer com isso ??? hahaha está tudo meio confuso né.

Muitas lindas não gostam de falar de valores, tudo bem eu também acho chato, mas falo.
Quando eu trabalhava fora e tinha o artesanato como Hobby, fazia o custo do produto jogava lá 100 a 120% e boa. Como disse a Stella "Vendi muita bolsa a R$40,00". O dinheiro a mais entrava e tudo era lindo.
O hobby virou negócio. Levo o meu ateliê a sério. Tento manter uma rotina, mesmo sendo mega desorganizada. Tenho controle financeiro. Sabia muito na teoria sobre custo fixo e variável, mão de obra, depreciação etc. Mas na prática era uma negação. Fiz um curso para aprender a prática de tudo isso.
Levei um susto!

Descobri que em muita coisa, eu pagava pra trabalhar, em outras só cobria o custo. Em algumas dava lucro. Mas não cobrava minha mão de obra. 
Ai tem quem pensa "ah, mas se dá lucro é tudo seu dá na mesma". 
Na Na Ni Na Não!

Isso é um saco e é uma coisa que eu to lutando com unhas e dentes pra fazer, tentar separar o que é meu e o que é do ateliê. É super difícil pq, como disse estou começando e só estou investindo. E continuo com contas a pagar.
E pra quem não entende MÃO DE OBRA = SALÁRIO

Fiz um cálculo módico para ter meu salarinho de R$ 1500,00 ao mês e olha como é difícil conseguir isso tá ... Isso quer dizer que para eu ganhar isso tenho que vender sei lá... uns R$ 3.000,00 pelo menos...

Ae ainda tem gente que olha na minha cara e diz "ai que caro! é artesanato não é ???"
"ai que caro eu vou comprar um monte!" - geralmente essas são as pessoas que não compram, só te tomam tempo e tempo nesse caso acaba sendo dinheiro ...

Gente isso é muita ganancia da minha parte???

NEm sei se consegui organizar minhas idéias por aqui, mas o que vejo muito é isso no fim das contas, todo mundo quer o seu e esquece que o outro também precisa do dele. As vezes eu acho que o que falta lá no fundo no fundo é saber se valorizar. Acreditar mais no meu trabalho e deixar tudo isso de lado. Mas e o medo do final do Mês e o caixa vermelho ???

Vi uma colega da internet falar +- assim num grupo:
" minha especialidade é necessaire, mas acabei me corrompendo e estou fazendo essas 45 capas de almofada, x lençois com elastico... "

Outra escreveu: "agora que terminei e entreguei as encomendas, posso voltar as coisas que tenho especialidade em fazer e poder criar que é o que mais gosto".

Pois é me sinto assim, por favor ninguém se ofenda. Quero dizer aqui bem claro qual é a minha e não quero que ninguém pense que sou folgada, acomodada ou coisa assim:

Adoro fazer bolsas, necessaires, lixeiras pra carro e coisinhas como tiaras, porta passaporte, máscara, porta documentos, gosto mesmo!
Adoro fazer as bonecas TIlda, mas especificamente o molde das Vintage Angel. As roupinhas e cabelos a gente vai criando que a graça pra mim é justamente essa! Agora mesmo estou quebrando a cabeça para fazer duas de lingerie!
Coisas para a casa? Faço, de vez em quando, quando dá vontade e sobra um espacinho, geralmente a pronta entrega. Sai tipo uma Coleção Cápsula, mini coleção de coisas para casa da GarotaECO. Ou quando é encomenda, que não fuja muito do que já faço.

Se eu aceito encomenda? Aceito claro, dentro do que eu tenho habilidades pra fazer.

Ae você me pergunta, mas pq ??? Pq eu tenho estoque pra repor e preciso inovar dentro do que é meu foco e digo mais, ainda conto a História do Pipoqueiro de Curitiba:

Ele quis se conhecido e reconhecido como o melhor pipoqueiro e a melhor pipoca de Curitiba. Então ele focou nisso. Estudou e pesquisou. Passou a ter uniforme para cada dia da semana. Usa óleo de Canola. Oferece Alcool em gel para os clientes. Cartão fidelidade e um kit higiene para quem compra pipoca com ele, ficar limpinho depois com palito de dente, balinha e guardanapo.
Segundo ele, o carrinho de pipoca te oferece mil e uma oportunidades de negócios além da pipoca, como churros, doces, sorvete e  por aí vai. Mas se ele fosse vender outras coisas como os outros pipoqueiros fazem, ele não seria o melhor pipoqueiro de Curitiba, seria igual aos outros.
A história é verídica, só jogar no YOUTUBe que vc acha inúmeros vídeos com ele. Aliás a primeira viagem de avião que ele fez na VIDA foi pra dar uma palestra, sobre a historia de vida dele.

Gente, sou confusa nas palavras, minha mente mais ainda... saio disparando tudo, nem sei se deu pra entender alguma coisa, a moral da história e todo esse mi,mi,mi.... como disse acima, é só um desabafo.

As vezes a gente faz algo que não quer achando que está fazendo por necessidade, mas se colocar na ponta do lapis, é uma perda de tempo.

Que ninguém fique chateado com isso, não é direcionado a ninguém, é algo pessoal. É a MINHA forma de pensar com relação a MELHOR forma de trabalho para MIM e só.
Tem gente que faz tudo e ganha mais dinheiro do que eu . Eu se fizer tudo já entendi que não ganho nada. Melhor me especializar. E é isso que venho tentando fazer...





Comentários